A introdução alimentar é um período muito importante para o desenvolvimento do bebê de forma que os hábitos adquiridos nessa fase irão influenciar diretamente na saúde futura e principalmente, na relação dele com a comida.
A orientação mais valiosa para você que vai começar a introdução alimentar é: alinhe suas expectativas com a realidade. E pra isso, é preciso compreender que o bebê ainda não entende qual a real função dos alimentos e que ele ainda não precisa nutricionalmente da comida, nessa fase, já que o leite materno ou fórmula é a principal fonte de nutrientes.
Considera-se que a introdução alimentar vai até os dois anos de idade do bebê, fase também que o paladar e os hábitos alimentares estão mais suscetíveis a se estabelecerem.
Então essa fase é de apresentação dos alimentos para que o bebê crie sua relação com a comida. Por isso, não esperar que o bebê comece a comer logo nos primeiros contatos é muito importante para que você não se frustre.
Posso resumir essa fase em:
Crie um peixe fora d’água, mas não crie expectativas com a Introdução Alimentar!
Eu entendo como é grande a preocupação com a nutrição do bebê e quero te tranquilizar, mostrando que o leite materno (ou a fórmula em caso dos bebês que utilizam) é o principal alimento por até pelo menos 1 ano de vida.
Isso significa que é dele que vem toda a nutrição que o bebê precisa e por isso, a amamentação em livre demanda é importantíssima pelo menos até os 2 anos do bebê.
Quando começar a Introdução Alimentar
A Organização Mundial da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam que a introdução alimentar seja feita apenas a partir dos 6 meses de vida, já que por volta dessa idade o bebê já consegue mostrar alguns (ou todos) os sinais de que está pronto para iniciar com segurança essa nova fase, você pode conferir aqui os sinais de prontidão.
E para que seja segura e eficiente é preciso que o bebê seja saudável, esteja dentro do padrão de desenvolvimento esperado e demonstre os chamados sinais de prontidão (o que não necessariamente vá acontecer exatamente aos 6 meses, podendo ser mais tarde).
Para os bebês prematuros devemos considerar a idade corrigida associada aos sinais de prontidão para iniciar a Introdução Alimentar de forma segura.
Sinais de prontidão para introdução alimentar (checklist)
Os sinais de prontidão servem de guia para que os pais possam iniciar essa nova fase sem precipitações, já que após desenvolvidos o bebê tem menores riscos ao se alimentar, ainda que de forma passiva.
- Estar em amamentação exclusiva de leite materno ou fórmula até o 6° mês;
- Sentar sem apoio (ou com o mínimo apoio possível) e com controle total do pescoço e cabeça;
- Esticar os braços para alcançar objetos e conseguir levá-los até a boca;
- Demonstrar interesse pela comida dos pais;
- Reflexo de protrusão da língua diminuído
- Imitar o movimento de mastigação.
Caso você tenha dúvidas se o seu bebê apresenta corretamente todos os sinais de prontidão, veja aqui este vídeo.
Dicas que te ajudarão antes de começar a Introdução Alimentar
A introdução alimentar é uma super novidade para o bebê e para prepará-lo com calma para esse momento, você pode praticar alguns exercícios antes mesmo que ele complete a idade recomendada para comer sólidos (6 meses).
Os exercícios são apenas incentivos para que ele possa se desenvolver naturalmente. São eles:
- Oferecer objetos (como mordedor) para que o bebê estique os braços, pegue e leve à boca – recomendado a partir de 2 a 3 meses;
- Se o bebê ainda não senta sem apoio, você pode colocá-lo deitado de barriga para cima, segurar em suas mãos e punhos e puxar (deixar que ele faça força também) em sua direção até que ele se sente – recomendado a partir de 4 meses;
- Colocar o bebê na cadeira de alimentação junto à família durante as refeições, ajuda a criar um hábito e incluir o bebê nos momentos das refeições ou durante o preparo delas – recomendado a partir de 5 meses;
- Mostrar alimentos e falar sobre eles – recomendado a partir de 5 meses.
Como eu disse, sentar em família para comer é fundamental na Introdução Alimentar e para futuros hábitos alimentares saudáveis do pequeno.
Para que a Introdução alimentar seja uma fase leve e gere bons hábitos futuros, as refeições nunca devem ser moedas de troca ou recompensas, assim como não devem existir distrações (telas por exemplo) – tanto para bebês, crianças e adultos. É importante que o bebê preste atenção nos alimentos em suas texturas, sabores e cheiros e cores.
Como começar a Introdução Alimentar
Primeiro é preciso ver tudo com a ótica dos bebês, isso gera empatia e se torna mais fácil entender os “porquês”.
Os bebês em fase de introdução alimentar que seguem o esperado do seu desenvolvimento ainda estão aperfeiçoando a coordenação motora. Por isso, espere muita sujeira!
Além disso, mais uma das maneiras de aprender é pegando os alimentos e objetos, levantando, passando de uma mão para a outra, passando no rosto e cabelo, jogando no chão, levando à boca, esmagando e por aí vai.
Quanto mais o bebê praticar, mais rápido ele irá aprender e também diminuir a sujeira!
No início é tudo uma grande e linda descoberta!
E por isto, o que você não deve esperar é que seu bebê coma alguma coisa logo no início.
Gerar expectativas que o bebê se alimente bastante, pode trazer uma enorme frustração, já que ele ainda não entende que comida é para encher a barriguinha.
O bebê irá tratar os alimentos no início como os brinquedos que são oferecidos a ele, e aos poucos descobrindo o sentido de se alimentar.
É importante destacar que cada bebê tem seu tempo de forma que alguns mostram interesse logo no início e outros demoram um pouco mais.
É importante destacar que cada bebê tem seu tempo de forma que alguns mostram interesse logo no início e outros demoram um pouco mais.
Algumas orientações para começar:
- Evite oferecer alimentos quando o bebê estiver com sono – ele não estará disposto a explorar naquele momento e a bagunça pode ser maior;
- Não ofereça os alimentos quando seu bebê estiver com fome – lembre-se que ele conhece apenas o leite como alimento – os bebês se interessam bem mais em explorar e experimentar os alimentos, quando já mamaram;
- Mantenha o foco em brincar e experimentar – essa é a maneira que ele irá descobrir como comer;
- Garanta a segurança do bebê – sentado e com o corpo ereto, para que ele saiba lidar com os reflexos de Gag e um possível engasgo;
- Evite distrações – TV, tablet e brinquedos não devem fazer parte das refeições;
- Tente se conter enquanto o bebê explora os alimentos – os “muito bens” podem atrapalhar, pois comer é natural;
- Respeite os sinais do bebê de que ele não quer mais explorar, ficar na cadeira ou comer.
O segredo é manter a calma, segurar a ansiedade em ajudar o bebê a comer. Essa ansiedade em ajudar o bebê a fazer o que ele consegue fazer (demorado e da maneira dele, mas consegue), atrapalha muito no processo de autoconfiança e autoestima.
Permitir e dar a oportunidade para que seu bebê coloque em prática todas as habilidades que ele vem adquirindo desde o nascimento é muito importante para a construção de um adulto confiante.
Outro segredo é ter em mente que seu bebê não passará fome ou estará com baixo consumo de nutrientes. Lembra que o leite (materno ou fórmula) é o principal alimento até 1 ano de vida, os alimentos após 6 meses são apenas complemento?
Quais alimentos e como oferecê-los na Introdução Alimentar?
Você pode começar a introdução alimentar oferecendo para seu bebê, qualquer alimento que venha da natureza, frutas, verduras e legumes são muito bem vindos nessa fase, o que importa é que esses alimentos precisam estar com corte e texturas adequados para o pequeno (confira aqui)
Quanto às refeições que você pode oferecer ao seu bebê na introdução alimentar, também não importa o número nem quais, desde que todas respeitem a rotina de atividades principais do bebê, como as sonecas e aleitamento.
No começo pode ser um pouco desafiador estabelecer uma rotina, principalmente por conta das sonecas que o bebê faz durante o dia, porém aos poucos a rotina vai sendo estabelecida.
Uma dica: não ofereça alimentos ao bebê quando ele estiver com sono ou com fome, pois nesse momento ele irá preferir o leite e o descanso.
Confira aqui como organizar uma rotina alimentar para seu bebê na introdução alimentar.
Bônus 1 – 5 principais dicas para você encarar a fase da Introdução Alimentar de forma mais leve e assertiva. Acompanhe:
- Tenha acompanhamento de uma nutricionista especializada para que possa te orientar de forma personalizada sobre a Introdução Alimentar que encaixe melhor para sua família;
- Inicie a Introdução Alimentar após seu bebê completar os 6 meses e apresentar os outros sinais de prontidão (confira aqui);
- O leite materno ou fórmula é o principal alimento (o que de fato vai nutrir o seu bebê) até por volta de 1 ano (o leite materno até pelo menos 2 anos) e vai ser um incrível aliado da Introdução Alimentar;
- O bebê não precisa comer no início já que ele nem entende o sentido disso ainda e esse não deve ser o principal objetivo da Introdução Alimentar, mas sim, o aprendizado;
- O Reflexo de Gag não é engasgo (confira aqui). Aliás, o bebê comer com autonomia (com as próprias mãos) e em pedaços não aumenta as chances de engasgo em relação a ser alimentado por um adulto e aos alimentos amassados;
- A Introdução Alimentar é como conhecer alguém, assim como um relacionamento que vai sendo construído aos poucos. Por isso, é importante que o bebê tenha oportunidades para entender, experimentar e assim, construir sua relação com os alimentos.
Bônus 2- Qual método utilizar na Introdução Alimentar?
A introdução alimentar é a fase mais importante da trajetória alimentar do seu bebê, pois é a partir dela que o seu pequeno irá começar a moldar seus hábitos alimentares e paladar, determinando assim, sua saúde futura.
Por isso, ter um método que te auxilia passo-a-passo de como fazer e como passar pelos desafios que irão aparecer ao longo dessa fase pode ajudar a tornar a Introdução Alimentar mais leve, segura e verdadeiramente saudável. Veja esse vídeo que eu fiz e te mostro qual método utilizar.
Ficou com dúvidas sobre a fase de introdução alimentar? Deixe nos comentários. Terei o imenso prazer em ajudar.
Perguntas que toda família me faz no consultório
Quando posso começar a introdução alimentar do meu bebê?
A introdução alimentar deve começar a partir dos 6 meses completos, desde que o bebê apresente os sinais de prontidão: sentar com apoio mínimo, boa coordenação olho-mão-boca e perda do reflexo de protrusão da língua. A idade isolada não garante que o bebê esteja pronto.
Quais são os sinais de prontidão que mostram que o bebê está pronto para comer?
Os sinais mais importantes são:
– Sentar com estabilidade mínima;
– Manter o pescoço firme;
– Levar objetos à boca com intenção;
– Demonstrar interesse por alimentos;
Não são sinais de prontidão: despertar noturno, “curiosidade” apenas visual ou pegar comida sem conseguir levar corretamente à boca.
E se meu bebê tiver 5 meses e já sentar? Posso começar?
Não. Mesmo que o bebê sente cedo, é fundamental que todos os sinais de prontidão estejam presentes. Começar antes aumenta o risco de engasgo e sobrecarga do sistema digestivo.
O que oferecer nos primeiros dias de introdução alimentar?
Comece com alimentos in natura, como legumes cozidos, frutas macias, raízes, tubérculos e carnes bem preparadas. Evite ultraprocessados, açúcar, mel, sal e produtos industrializados.
Como deve ser a rotina das refeições no início?
A rotina ideal envolve 1 refeição ao dia, evoluindo para 2 ou 3 ao longo das semanas. Não existe regra rígida: o bebê ainda recebe a maior parte da nutrição do leite materno ou fórmula nos primeiros meses da IA.
Pode oferecer água ao bebê de 6 meses?
Sim. A partir dos 6 meses, água filtrada ou fervida deve ser ofertada, em pequenos goles, junto às refeições. Antes dessa idade, água não é recomendada.
Qual o melhor método: BLW, participativo ou tradicional?
Todos podem funcionar. A escolha deve considerar:
– Segurança;
– Desenvolvimento motor do bebê;
– Rotina da família;
– Confiança e conhecimento dos cuidadores.
O ideal é um método participativo, que inclui alimentos amassados + pedaços seguros.







