A introdução alimentar é um marco importante na vida do bebê e, quando há diagnóstico de APLV (Alergia à Proteína do Leite de Vaca), os cuidados precisam ser redobrados para garantir uma alimentação segura e nutritiva
Importante: a introdução alimentar deve ser acompanhada por um pediatra e/ou nutricionista infantil, para adequar às necessidades individuais do bebê
O que é APLV?
A Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) é uma reação adversa do sistema imunológico às proteínas presentes no leite de vaca e seus derivados, como queijo, manteiga, iogurte e fórmulas lácteas.
O diagnóstico geralmente é feito por um pediatra ou alergista, com base na avaliação clínica dos sintomas — que podem incluir alterações na pele (como dermatite), problemas gastrointestinais (diarreia, vômitos, sangue nas fezes) e sintomas respiratórios. Em alguns casos, o médico pode solicitar exames específicos ou indicar um teste de exclusão e reintrodução, no qual o leite e seus derivados são retirados da dieta por um período e, posteriormente, reintroduzidos de forma controlada para confirmar a reação.
Nos bebês de 6 meses, a recomendação é evitar qualquer alimento com traços de leite, incluindo produtos industrializados que possam conter leite na composição.
Cuidados essenciais na introdução alimentar do bebê APLV
- Evitar contaminação cruzada – Utensílios, panelas e superfícies devem estar limpos e livres de resíduos de leite.
- Oferecer alimentos naturais e in natura – Evitar industrializados com ingredientes desconhecidos.

A importância de manter a amamentação e ajustar a dieta materna
Para bebês amamentados, o leite materno continua sendo a principal fonte de nutrientes até 1 ano e deve ser oferecido sob livre demanda.
Quando o bebê é diagnosticado com APLV, a mãe que amamenta precisa eliminar totalmente leite e derivados de sua dieta, já que as proteínas podem passar pelo leite materno e causar reações no bebê. Isso inclui ler rótulos, evitar alimentos com traços de leite e ter atenção especial a restaurantes e preparações caseiras.
Se o bebê recebe fórmula, é necessário usar fórmulas extensamente hidrolisadas ou à base de aminoácidos, conforme orientação médica.
Cardápio semanal APLV para bebê de 6 meses
(versões para BLW e tradicional)
As porções variam conforme o apetite e aceitação. O leite materno ou fórmula especial continua sendo oferecido antes ou depois das refeições, conforme orientação profissional.
Dia | Manhã | Almoço (tradicional / BLW) | Lanche | Jantar (tradicional / BLW) |
---|---|---|---|---|
Segunda | Leite materno ou fórmula especial |
Tradicional: Purê de batata-doce com frango desfiado e chuchu cozido. BLW: Bastões de batata-doce no vapor + tiras de frango cozido + palitos de chuchu macio. | Banana amassada (trad.) ou meia banana em tiras grossas (BLW). |
Tradicional: Purê de abóbora com lentilha. BLW: Cubos de abóbora cozida + bolinho de lentilha sem glúten. |
Terça | Leite materno ou fórmula especial |
Tradicional: Purê de mandioca com carne bovina moída e abóbora. BLW: Palitos de mandioca cozida + tiras macias de carne + cubos de abóbora macia. | Pera cozida amassada (trad.) ou fatias grossas de pera madura (BLW). |
Tradicional: Purê de inhame com cenoura. BLW: Pedaços grandes de inhame + palitos de cenoura cozida. |
Quarta | Leite materno ou fórmula especial |
Tradicional: Purê de batata com frango e abobrinha. BLW: Bastões de batata + tiras de frango + tiras de abobrinha macia. | Mamão amassado (trad.) ou tiras grossas de mamão maduro (BLW). |
Tradicional: Purê de mandioquinha com brócolis. BLW: Pedaços grandes de mandioquinha + floretes pequenos de brócolis macios. |
Quinta | Leite materno ou fórmula especial |
Tradicional: Purê de batata-doce com carne bovina e couve-flor. BLW: Pedaços de batata-doce + tiras de carne + floretes de couve-flor bem cozidos. | Maçã cozida amassada (trad.) ou meia maçã cozida em pedaços grandes (BLW). |
Tradicional: Purê de abóbora com frango. BLW: Cubos de abóbora + tiras de frango. |
Sexta | Leite materno ou fórmula especial |
Tradicional: Purê de inhame com peixe sem espinhas e chuchu. BLW: Pedaços grandes de inhame + lascas de peixe + tiras de chuchu cozido. | Manga amassada (trad.) ou tiras grossas de manga madura (BLW). |
Tradicional: Purê de batata com cenoura. BLW: Pedaços grandes de batata + palitos de cenoura. |
Sábado | Leite materno ou fórmula especial |
Tradicional: Purê de mandioca com frango e abóbora. BLW: Palitos de mandioca + tiras de frango + cubos de abóbora macia. | Pera amassada (trad.) ou fatias grossas de pera madura (BLW). |
Tradicional: Purê de mandioquinha com batata-doce. BLW: Pedaços grandes de mandioquinha + bastões de batata-doce. |
Domingo | Leite materno ou fórmula especial |
Tradicional: Purê de batata-doce com peixe e abobrinha. BLW: Pedaços de batata-doce + lascas de peixe + tiras de abobrinha macia. | Banana amassada com mamão (trad.) ou tiras de banana + pedaços de mamão maduro (BLW). |
Tradicional: Purê de abóbora com brócolis. BLW: Cubos de abóbora + floretes de brócolis. |
Observações: textura amassável com os dedos; supervisão ativa; água disponível; manter preparos sem leite/derivados, sem açúcar e com sal mínimo.
Por ter um bebê APLV aqui em casa e já ter atendido centenas de famílias na mesma situação, eu sei a dificuldade de saber o que oferecer de forma segura e que não vá gerar desconforto para eles.
Desenvolvi 20 cardápios mensais prontos para impressão, divididos por semana para bebês APLV de 6 meses a 2 anos. Assim você nunca mais vai se preocupar com o que oferecer para ele. Conte ainda com a lista de substituição, lista de compras, tudo pronto para imprimir.
Conclusão
A introdução alimentar de um bebê com APLV exige atenção, paciência e muito carinho. Com um planejamento adequado, é possível oferecer refeições nutritivas, seguras e saborosas, sem riscos de contato com leite ou derivados. Lembre-se de que, aos 6 meses, o leite materno ou fórmula especial continua sendo a base da alimentação, e as papinhas ou alimentos em pedaços servem para apresentar novos sabores e texturas, além de estimular a mastigação e a autonomia.
Mantenha sempre o acompanhamento com o pediatra e, se possível, com uma nutricionista infantil para garantir que o bebê receba todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável. E, claro, respeite o tempo e a aceitação do seu pequeno — cada avanço é uma conquista!
Perguntas Frequentes
Posso congelar as preparações?
Pode. Congele em porções pequenas, rotule (data/conteúdo) e aqueça bem antes de servir. Descarte sobras que já foram ao prato do bebê.
Meu bebê está em fórmula especial. Até quando?
Quem define é o pediatra/alergista, considerando crescimento, sinais clínicos e protocolo (APLV IgE/Não-IgE). Não troque por conta própria.
Quantidade por refeição: quanto oferecer?
Não há “gramagem ideal”. Ofereça pequenas porções, observe fome/saciedade e pare quando o bebê sinalizar. A experiência e a variedade importam mais que volume.
Introdução de alergênicos (ovo, peixe, gergelim) é permitida?
Sim, a introdução é gradual e individualizada, um por vez, observando reações. A APLV é ao leite; outros alergênicos podem ser introduzidos conforme orientação do pediatra/alergista.